Poker: Jogadas de Alto Risco

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작성자 Larry 댓글 0건 조회 120회 작성일 23-08-28 22:50

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O poker está na moda, seja em casa, online ou ao vivo. Desde terça-feira, dia 17, que decorre em Vilamoura o maior circuito europeu

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16 novembro 2009 18:25

Isabel Lopes

Uma gota de suor, um latejar de uma veia, um ligeiro coçar do nariz... Situações imperceptíveis e gestos banais mas que funcionam como preciosas pistas entre adversários a uma mesa de póquer, denunciando se se está perante um bluff ou uma mão forte. A capacidade de ler os sinais da linguagem corporal pode fazer a diferença entre ganhar ou perder fortunas. Há que disfarçá-los. E aqui vale tudo: autênticas camuflagens ou a mais desarmante normalidade. O resultado acaba por ser um autêntico circo. Que, tal como o verdadeiro, entretém e diverte, emociona e atemoriza. Sempre sem rede. A viver o risco até ao limite. Mas com muita estratégia. E a reduzir o factor sorte à sua mínima expressão. Assim se joga poker de alto nível. Com a cabeça e sem emoção.

O cenário não é novo, mesmo para quem o observa pela primeira vez ao vivo. Seja em Kiev, Barcelona, Varsóvia, Praga, Copenhaga ou em Londres - onde a reportagem do Expresso acompanhou no início de Outubro o maior festival da PokerStars European Poker Tour, com 16 torneios a realizarem-se no espaço de uma semana. E um recorde de mais de 700 participantes no evento principal que obrigou a mudar o local do torneio do Grosvenor Victoria Casino para um hotel.

Óculos escuros e um som único. Lá estavam os óculos escuros de todas as tonalidades, os bonés, chapéus e gorros dos mais variados feitios, os auscultadores dos iPhones ou dos mp3, as gravatas garridas, os casacos brilhantes, os fatos de treino... Lá estavam as luzes intensas, debaixo das quais suam jogadores de cerca de 70 nacionalidades distribuídos por dezenas de mesas, onde os dealers, impecavelmente uniformizados a branco e preto, distribuem cartas com extrema perícia. E, depois, encontramos algo de novo, que não nos chega nas transmissões televisivas, apesar de ser ininterrupto, que não conseguimos ver apesar de estar sempre presente, e que estranhamos até percebermos que espécie de murmurejar de cascata é este: o barulho de milhões de fichas a serem manuseadas ao mesmo tempo.

Estreia em Portugal

Um som único que assinala o arranque das jornadas nos grandes torneios de poker. Assim será em Vilamoura, quando, ao meio-dia em ponto e durante seis dias a partir de 17 de Novembro, abrir as portas o European Poker Tour (EPT). E a necessidade de entreter as mãos e afastar os nervos levar a maioria dos jogadores a brincar continuamente com as fichas. De início, a organização prevê que sejam mais de 300 os jogadores a participar na estreia em Portugal do maior circuito europeu de poker e segundo maior do mundo (a seguir àquele que poderá ser designado como o campeonato do mundo da modalidade, o World Series of Poker - WSOP - de Las Vegas), e cujo prize pool está estimado em dois milhões de euros.

A maioria dos jogadores pagará €5300 para entrar no torneio, excepção para os cabeças de cartaz nacionais e estrangeiros, que estarão em Vilamoura a convite da PokerStars.com, a maior organização mundial de poker online, ou aqueles que adquiriram o direito a entrar por terem vencido torneios na Net - quem não sonha em tornar-se num novo Chris Moneymaker, a estrela do poker norte-americano que veio do nada e que com 39 dólares (€26) conquistou o direito de participar no WSOP, no qual conquistou a bracelete de ouro e arrecadou 2,5 milhões de dólares (€1,7 milhões)?

Este caso, ocorrido em 2003, teve uma repercussão tal no mundo do poker que provocou uma adesão sem precedentes ao jogo e entrou para a história do poker como "o efeito Moneymaker". Os números falam por si: na primeira temporada do EPT, há cinco anos, participaram 1468 jogadores; na última, foram já 7901. Na componente online, os números mundiais de jogadores atingem uma expressão astronómica: segundo a PokerStars.com, em 2005 havia dois milhões de jogadores; este ano, já ultrapassou os 27 milhões. E todos os dias 100 mil jogadores estão presentes ao mesmo tempo no site.

Até ao fecho desta revista, desconhecia-se se Moneymaker vem a Portugal, mas estavam confirmados nomes sonantes do poker internacional, como o campeão do mundo Peter Eastgate ou o recordista de mesas jogadas em simultâneo em online (62), Luca Pagano.

Dream team nacional

De Portugal, estará presente aquela que é considerada a dream team portuguesa da PokerStars: Henrique Pinho, o gestor de 28 anos que se dedicou ao poker, Nuno Coelho, advogado de 31 anos, e Luís Medina, consultor empresarial de 44 anos. E estarão igualmente presentes João Barbosa, vencedor do EPT de Praga em 2008, um engenheiro informático de 26 anos que deixou a profissão para se dedicar ao jogo e é hoje patrocinado pela Fulltiltpoker; e Rui Milhomens, da Unibet, que aos 21 anos chegou em Outubro à mesa final de Londres, onde se classificou em sexto lugar, o que lhe rendeu €133 mil.

Este jovem de Ovar reúne os principais traços que definem hoje o jogador de poker português: é homem, jovem, o que lhe deu um acesso "natural" à Net, onde já disputava jogos de estratégia (chegou a estar no topo mundial do "Ages of Empire"), e foi daí que transitou, vai para dois anos, para o poker online (há também quem venha do xadrez online), https://portugalplaypoker.com/ acabando por pôr o jogo à frente do curso e de uma carreira (abandonou no ano passado o curso de Psicopedagogia Clínica). Joga de noite e dorme de dia, chega a estar dez horas a apostar online, mas garante que há dias em que não ultrapassa as duas horas e noutros nem se aproxima do computador. Uma situação que, afirma, foi aceite pelos pais, com quem vive, porque "têm a noção que está a conseguir fazer vida do jogo". Mas, ele próprio afirma que "isto não são só rosas. Também se perde muito ou, pura e simplesmente, não se ganha".

As mulheres também começam a aparecer e até de nacionalidade portuguesa. No EPT de Londres seriam uma dezena, mas entre elas estava a luso-holandesa Fátima Moreira de Melo, nascida em Roterdão há 31 anos, filha de pai português e mãe holandesa. Acabada de se retirar do hóquei em campo - onde tem um palmarés brilhante, que inclui uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim -, Fátima experimenta agora a competição individual nas mesas de poker. "Tem sido considerado um jogo de homens, devido à grande competitividade que lhe é inerente e lá temos a testosterona a tornar os homens hipercompetitivos... Mas as mulheres podem ser tão boas jogadoras quanto os homens", defende num português quase perfeito.

O pai do poker português. Em Portugal, alguns feitos de jogadores nacionais (pelo menos sete dezenas têm participado em torneios internacionais ao vivo) e as transmissões televisivas dos torneios de poker - no cabo há o Poker Channel e na SIC Radical é transmitido o EPT - começaram a tirar o poker do nicho que ainda é a Internet e a iniciar, paulatinamente, o caminho da massificação no nosso país.

Um pontapé de saída ou, para usar a linguagem do basquete, um cesto de três pontos conseguido na altura certa pelo ex-basquetebolista João Mané, 33 anos. De tal maneira, que a ele se referem como "o pai do poker português". Foram os americanos do Aveiro Basquete que o apresentaram ao poker, um jogo considerado familiar nos Estados Unidos. "Em 2003/2004, quando dizia aos meus amigos que jogava poker, eles reagiam de uma forma um pouco desconfiada... Penso que tinha a ver com o facto de o poker aparecer muito associado a notícias negativas, tipo arruinar famílias, carreiras..." Para contrariar essa ideia, criou o site Pokerpt.com, um fórum dedicado ao jogo, e ficou surpreendido com o número de pessoas que já havia a jogar em Portugal. No site, a comunidade começou com cerca de 250 pessoas, número que em cinco anos se multiplicou por cem. "Temos 25 mil pessoas registadas no site, mas no meio estima-se em mais de cem mil as pessoas que actualmente jogam poker em Portugal."

"O poker é dos jogos mais sociais que existe", sublinha Nuno Rocha, 37 anos, um gestor de empresa que admite ser rara a semana em que não se reúne com amigos para uma jogatina. O curioso é que apesar de trabalhar na Pokerpt, mantém o poker estritamente como um hobby, jogando-o a feijões. "Não jogo profissionalmente porque não sou suficientemente bom para fazê-lo. É preciso estudar e jogar muito para se atingir um determinado nível. Sou um jogador caseiro."

Do site, João Mané resolveu avançar para os casinos: "Percebi que ia haver uma explosão do poker em Portugal e fui explicar isso aos casinos, que só tinham o jogo nas máquinas". Há três anos, o casino de Espinho realizou uma espécie de torneio piloto. Este mês, o casino de Vilamoura recebe o maior circuito europeu.

Sites não param de aumentar

A penetração do jogo entre nós é o que, ao fim e ao cabo, explica que o gigante mundial PokerStars.com aposte agora em Portugal. Marta Salvado, 33 anos, uma portuguesa radicada há 13 anos em Londres que está no topo da hierarquia da PokerStars (é a nº 2 da equipa de eventos, a que põe os torneios de pé, desde o anúncio inicial à sua realização), confessa que "há muitos anos que pretendia trazer o European Poker Tour a Portugal mas só agora é que é a altura certa". O que se traduz pela grande adesão dos portugueses ao jogo, embora o marketing desta poderosíssima indústria mundial não divulgue dados de Portugal.

O número de sites cresce como cogumelos. E começar é mesmo muito fácil: quem não sabe jogar, pode aprender, quem não tem ou não quer dar os primeiros passos gastando alguns euros pode fazê-lo de graça. E, como se costuma dizer, tudo à distância de um clíque - apesar deste mundo online continuar num limbo de ilegalidade em Portugal.

Quase meio milhão de portugueses com graves problemas de jogo - mais de 400 mil em risco de dependência e 16 mil viciados - é o balanço arrepiante (e ainda assim considerado por baixo por agentes do sector) de um estudo recente sobre adicção ao jogo encomendado pela Santa Casa da Misericórdia à Universidade Católica. Venda de património, recurso a agiotas, divórcios... um rol de problemas que o psicólogo e especialista em adicções Pedro Hubert diz serem o resultado de uma dependência "tenebrosa", que pode levar "a profundas depressões" e, inclusive, "a uma ideação suicida: cerca de 50 por cento dos jogadores pensaram em suicídio e entre 10 e 20 por cento passaram ao acto".

Uma realidade preocupante

Pedro Hubert conta que quando começou a trabalhar na área do jogo, há uma dezena de anos, os principais problemas tinham a ver com as slot-machines e as roletas; de há quatro anos a esta parte, passaram a destacar-se os casinos virtuais e as apostas desportivas; a última moda, detectada há cerca de dois anos, é o poker online. "É francamente preocupante, até porque atinge cada vez mais os jovens. O marketing é impressionante e a prevenção praticamente inexistente", critica, acrescentando nada ter contra o jogo em si, desde que usufruído com moderação. Tudo se modifica quando o jogo se torna compulsivo e adquire as características de uma patologia. Para a tratar, Hubert começa por estabelecer com os seus pacientes um contrato terapêutico, que inclui vários passos, como a presença em terapias individuais e de grupo (que inclui os jogadores anónimos) e à cabeça do qual está a regra de ouro de não jogar.

Mas as recaídas acontecem. José (nome fictício), 42 anos, casado, dois filhos, de 5 e 7 anos, profissional liberal, teve há cerca de três semanas a última recaída, a segunda desde que no início do ano procurou ajuda para resolver a sua dependência do jogo. Começou a jogar há cerca de 20 anos nas slot-machines dos casinos e nos bingos. Aparentemente sem grandes problemas, por vezes até acompanhado pela mulher, mas há uns três anos começou a ir "todos os dias". Sem explicação concreta, por impulso - como diz o seu psicólogo, Pedro Hubert, ainda não há um modelo explicativo satisfatório para o facto de uma pessoa passar, de repente, do abuso à dependência.

No início de 2008, as coisas complicaram-se com o poker online. "Jogava durante a noite, ia buscar o tempo ao sono, cheguei a uma altura em que já não conseguia trabalhar... Como gastava muito mais do que podia, tentava cobrir as faltas com o cartão de crédito, pedia dinheiro emprestado aos meus pais, inventava avarias no automóvel." Ao fim de sete meses sucumbiu ao desgaste físico e psicológico, procurou ajuda na Internet, contou à mulher e aos pais. Na segunda recaída sentiu mais a desilusão da mulher, que sabe ter já pensado no divórcio embora ainda não lhe tenha falado do assunto. "Foi muito difícil aceitar que tinha uma dependência. É uma luta diária. Há pessoas que podem jogar. Eu não." Mas José não põe por si as mãos no fogo.

Rezam as lendas à volta do poker que as suas origens remontam há muitos séculos à Antiga Pérsia. A História encontra-o no século XVI na Alemanha, com a designação Pochen, depois em França com o nome Poque, de onde terá sido levado para Nova Orleães para se tornar na grande atracção dos barcos a vapor do rio Mississippi ou dos saloons do Velho Oeste, onde à volta de mesas redondas finórios e bandidos empestavam o espaço com grandes baforadas de charuto e resolviam as dúvidas de jogo com recurso a expedientes como copos de uísque atirados à cara dos adversários ou revólveres disparados à má fila. No início do século passado, as conotações do poker como sendo um jogo de malandros não melhoram, com a Máfia a dominar o jogo, em cidades como Chicago, e a continuar a sobressair o endeusamento do dinheiro ganho ao jogo em detrimento pelo respeito pela vida humana.

Hoje, o poker luta para se libertar destas raízes obscuras e atingir, quiçá, o estatuto de desporto. É inegável que, seja qual for a versão jogada (e existem centenas, sendo a Texas Hold'em a mais popular), a capacidade e o poder do exercício mental são aqui tão exigentes como no prestigiado xadrez. Mas o poder do dinheiro é por natureza irresistível. E essa é a face do poker que corre o risco de não conhecer limites.

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